24 de julho de 2012

Estudos buscam produção de anticoncepcional masculino

Há diversos estudos em andamento que pretendem tirar das mulheres a responsabilidade da prevenção da gravidez. Os laboratórios estão cada vez mais .... Foto: Shutterstock
Há diversos estudos em andamento que pretendem tirar das mulheres a responsabilidade da prevenção da gravidez. Os laboratórios estão cada vez mais perto da produção de um método anticoncepcional masculino reversível Foto: Shutterstock


A preocupação com o método contraceptivo recai na maioria das vezes sobre a mulher. Para o homem, sobram poucas opções, como a vasectomia e a camisinha. No entanto, há diversos estudos em andamento que pretendem mudar esse cenário. Os laboratórios estão cada vez mais perto da produção de um método anticoncepcional masculino reversível, que pode ou não ter como base o uso de hormônios.

Os hormônios usados nas pesquisas são a testosterona e o progestágeno. O uso desses hormônios pode inibir a produção de espermatozoides. "A testosterona diminui a fertilidade, mas não diminui a potência sexual", explica Ieda Verreschi, professora de Endocrinologia da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp). Esses hormônios podem ser absorvidos por via oral, na forma de pílulas, por meio de injeções ou de implantes.

Uma pesquisa chinesa divulgada no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism testou uma injeção de testosterona e óleo de semente de chá que mostrou taxa de eficiência de 98,9% - a feminina tem eficácia entre 97 e 99%.

Outro estudo, do Instituto de Pesquisa Biomédica de Los Angeles, nos Estados Unidos, combinou testosterona e um progestágeno para formar um gel anticoncepcional aplicado na pele. A pesquisa indicou que 89% dos homens participantes apresentaram redução de produção de espermatozoides para um nível abaixo do considerado fértil.

Tanto o gel quanto a injeção se mostraram reversíveis na maior parte dos casos, mas há o risco de o homem se tornar infértil. Além disso, existem outros possíveis danos em relação à dosagem. O pico hormonal pode aumentar a retenção de sódio, o que pode provocar hipertensão e levar à dependência. Uma das consequências mais graves seria o câncer. "O câncer hepático é muito frequente no uso da testosterona em forma oral. Até hoje, não se encontrou uma pílula oral que tivesse baixa toxicidade", comenta Ieda.

Métodos não hormonais
A Universidade de Edimbugo, na Escócia, divulgou um estudo na revista científica PLoS Genetics em que relatou a descoberta de um gene, o Katnal1, que estaria ligado à maturação dos espermatozoides. Os cientistas analisam a possibilidade de inibir a ação desse gene nos homens. Além de não hormonal, a pesquisa indica um possível método que atuaria não sobre a produção de espermatozoides, mas sobre a fase de amadurecimento deles. Isso poderia tornar sua reversibilidade mais fácil e o efeito, mais imediato.

O controle molecular poderia, no entanto, trazer também efeitos negativos. "É por isso que deve haver vários estudos em animais de diversas espécies antes de se passar para os seres humanos. Isso ainda demanda muito ensaio clínico para se ter segurança, mas acredito que se está perto da produção de um anticoncepcional masculino", afirma a professora.

Estudos anteriores
Embora existam muitos trabalhos recentes voltados ao desenvolvimento do anticoncepcional masculino, a professora relembra que esses testes já são desenvolvidos há muitos anos. "Existia um estudo muito sério na busca de um hormônio que bloqueasse a espermatogênese antes de 1960", conta. No entanto, o financiamento para as pesquisas voltou-se à mulher, após o desenvolvimento da pílula anticoncepcional.

A maior atenção ao contraceptivo feminino também tem uma explicação biológica. O fato de a ovulação ocorrer apenas uma vez por mês torna o controle do ciclo feminino muito mais fácil que a produção contínua de milhões de espermatozoides. "A mulher foi mais ¿manipulável¿ nesse sentido. E, ao longo desses 40 anos, o poder de controle ficou absolutamente aceito. O uso faz o costume", afirma.

Ela acredita, no entanto, que há também interesse dos homens em controlar a própria fertilidade. "Eu acho que usariam. Quantos homens fazem vasectomia, sem pressão nenhuma?", diz.

Busca um especialista em Fertilidade? Clique aqui e confira a lista dos profissionais

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários postados nas publicações são MODERADOS porem seus conteúdos são de responsabilidade dos autores.