13 de agosto de 2013

Corredores do Hospital Deoclécio Marques estão lotados de pacientes à espera de cirurgias


62 pacientes aguardam a realização de cirurgias ortopédicas. Clínicas médicas e cirúrgicas também estão lotadas. Foto: José Aldenir
62 pacientes aguardam a realização de cirurgias ortopédicas. Clínicas médicas e cirúrgicas também estão lotadas. Foto: José Aldenir
O mutirão ortopédico realizado pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), que tem o objetivo de zerar a fila de espera por cirurgias ortopédicas, ainda não surtiu efeito nos corredores do Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal. Os setores de clínica médica, cirúrgica e ortopédica estão lotados. Os corredores estão repletos de pacientes, em sua maioria, necessitando de cirurgias ortopédicas. Na enfermaria ortopédica, todos os 37 leitos estão ocupados e mais nove pacientes pós-operatórios aguardavam, nesta manhã, a vaga de um leito em macas nos corredores, totalizando 46 pacientes no primeiro andar, sendo seis deles apenados. No térreo, mais 16 pacientes ortopédicos aguardam por cirurgia em macas, além de 15 pacientes de clínica médica.  O mutirão já conseguiu transferir, desde o dia 1º de agosto, 30 pacientes e a estimativa é que hoje, pelo menos, mais dez pacientes sejam transferidos para o Hospital Memorial e para o Hospital Médico Cirúrgico.
Na manhã de hoje, a sala de reanimação, que tem capacidade física para comportar apenas cinco pacientes, acomodava nove. Todos os respiradores estavam ocupados. De acordo com uma técnica de enfermagem que trabalha no setor, caso chegasse algum paciente necessitando de ventilação mecânica, teria que ser feita a respiração manual, por meio do ambú. Outro problema é a constante falta de macas. Caso chegasse um paciente vítima de parada cardiorrespiratória, ele teria que ser reanimado no chão, embora segundo relato da técnica de enfermagem seja comum acontecer esse procedimento no local.
A diretora geral do Hospital Deoclécio Marques de Lucena, Nilzelene Carrasco, considera que a greve dos servidores estaduais de saúde tem causado dois problemas principais. O primeiro é a suspensão das cirurgias eletivas ortopédicas. O segundo é a falta de assistência. “Com a redução do quadro de funcionários, não conseguimos prestar a mesma qualidade do serviço. Os servidores diminuem, mas os pacientes não. A demanda só aumenta. Sai dez pacientes e entra oito”, destacou a diretora do hospital.
A diretora Nilzelene Carrasco ressalta que as cirurgias de urgência e emergência estão sendo feitas, mas os pacientes, muitas vezes, necessitam de um segundo procedimento ortopédico e daí tem que entrar na fila das cirurgias eletivas. Enquanto isso, eles ocupam um leito, o que ocasiona a baixa rotatividade dos pacientes ortopédicos do Hospital Deoclécio Marques. Diante da greve, foi necessário contra-referenciar a porta de entrada, o que pode gerar uma queda no atendimento. “Mas não podemos fechar as portas, pois somos nós quem damos respostas a Parnamirim e região. Não tem outro local para poder ir. Hoje, a UPA não tem médico e vem todos para cá”.
A diretora administrativa do Hospital, Adriana Macedo de Pontes, conta que já há o déficit de profissionais em algumas áreas, em especial da área de enfermagem, e que a greve tem agravado ainda mais a situação. Com a paralisação dos servidores, setores com uma grande demanda de pacientes, como o gesso e a medicação, por exemplo, ficam apenas com um técnico de enfermagem para atender todos os pacientes. “A greve agrava ainda mais a situação que já existe”. Um técnico fica responsável por atender, em média, 15 pacientes.
O adolescente Edson Antônio Guedes, de 16 anos, que mora no sítio Cuité, município de Passagem, sofreu um acidente de moto na tarde deste domingo (11). Fez a primeira cirurgia, de urgência, e está em uma maca no corredor do primeiro andar do Hospital à espera de um leito de enfermaria. Ele pilotava uma moto, com um amigo, em uma estrada carroçável, quando foi surpreendido por um carro que bateu na moto. Na queda, Edson quebrou o fêmur, e a moto teve perda total. Segundo relato da mãe, Severina Guedes, os técnicos da Samu disseram que o filho dela “havia nascido de novo”, pois o acidente foi muito grave e o capacete ficou esbagaçado.
“Apesar do susto, ele está bem. O ruim é ficar no corredor, sem privacidade, sem conforto e ele com muita dor. Não conseguimos dormir, pois a situação é muito incômoda. Além disso, não deram nenhuma previsão de quando ele fará a segunda cirurgia”, relatou a mãe de Edson.
Andrey Nascimento da Silva levou oito tiros há quase dois meses, no município de São Gonçalo do Amarante. Imediatamente ele foi atendido no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, fez o procedimento de urgência e ficou esperando por um mês e 15 dias pela cirurgia ortopédica. Na última quinta-feira (8), ele e mais três pacientes foram transferidos para o Hospital Deoclécio Marques de Lucena com a promessa de fazer a cirurgia no outro dia, o que não aconteceu. “Encaminharam a gente para cá, mas nos enganaram. A direção do Walfredo queria era deixar o hospital limpo, mas daí jogaram tudo para cá. Nem remédio para dor eles nos dão”, relatou Andrey, que quebrou o braço direito e o fêmur e teme que os pinos que foram colocados infeccionem e ele pegue alguma infecção hospitalar.

Reforma
O Hospital Deoclécio Marques de Lucena deve passar por uma minireforma nos próximos dias. Como o hospital dispõe de autonomia financeira e pelo caráter de urgência foi dispensado o processo licitatório, a direção do Hospital já está procurando a empresa para realizar a obra, o mais rápido possível. A reforma, orçada em aproximadamente R$ 90 mil, contempla a troca da marquise da frente do Hospital que está enferrujada, o fechamento dos buracos que tem na UTI e laboratórios por conta da infiltração do aparelho de ar condicionado e a reparação dos dutos do ar condicionado, além de problemas elétricos. A obra de reforma e ampliação do hospital, que está orçada em mais de R$ 2 milhões, ainda não tem previsão de ser iniciada.

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