24 de outubro de 2014

DENÚNCIA VEJA REPERCUTE – (FOLHA DE SP E O GLOBO): Doleiro diz que Lula e Dilma sabiam de corrupção na Petrobras

DESTAQUE FOLHA DE SÃO PAULO:


O doleiro Alberto Youssef, preso desde março em Curitiba, teria dito em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de desvio de recursos na Petrobras, de acordo com reportagem publicada pela “Veja”.
Segundo a revista, o doleiro -que fez um acordo de delação premiada com as autoridades para tentar reduzir as penas a que está sujeito pela participação no esquema- disse na terça-feira ao delegado que presidia o interrogatório que o Planalto sabia de tudo que acontecia na estatal. “Mas quem no Planalto?”, teria perguntado o delegado, de acordo com o relato da revista. “Lula e Dilma”, teria respondido Youssef.
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, havia revelado em depoimento ao Judiciário que 3% do valor dos contratos da estatal com empreiteiras eram divididos entre o PT, o PMDB e o PP -partidos responsáveis pelas indicações dos membros da diretoria.
No dia 17 deste mês, a Folha de S.Paulo informou que Costa, no seu acordo de delação premiada (esse já homologado, ao contrário do de Youssef), informou que o então presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, recebeu R$ 10 milhões para esvaziar uma CPI que investigava a estatal, em 2009.
DESTAQUE O GLOBO
Em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público em Curitiba, segundo a revista “Veja”, o doleiro Alberto Youssef teria dito que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “sabiam de tudo” sobre o esquema de corrupção na Petrobras. Ainda conforme a revista, que antecipou, nesta quinta-feira à noite, trecho da reportagem a ser divulgada nesta sexta-feira na íntegra, a revelação teria sido feita por Youssef na última terça-feira.
Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro teria afirmado:
— O Planalto sabia de tudo!
Perguntado pelo delegado que colhia o depoimento a quem ele se referia, Youssef teria respondido:
— Lula e Dilma.
O advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Basto, confirmou que o doleiro prestou depoimento à Polícia Federal de Curitiba na última terça-feira, mas disse não ter conhecimento da informação citada pela revista.
— Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso (que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobras). Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso — afirmou Basto.
ADVOGADO ALERTA PARA “ESPECULAÇÃO”
Ele disse que Youssef prestou muitos depoimentos no mesmo dia e que o doleiro estava acompanhado de advogados de sua equipe.
— Conversei com todos da minha equipe e nenhum fala isso. Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo. É preciso ter cuidado porque está havendo muita especulação.
Basto também disse que a defesa não possui cópia do que foi falado por Youssef à Polícia Federal.
— Nós não temos como pegar em mãos e não ficamos com cópia de nada. Então, não nego nem confirmo se esse depoimento é verdadeiro, se essa informação foi dada ou não e se sim, em quais circunstâncias.
O depoimento citado pela revista não tem relação com os que foram prestados à 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, cujo teor já foi divulgado anteriormente.
O doleiro está preso em Curitiba desde março e é acusado de ser um dos chefes do esquema que teria desviado cerca de R$ 10 bilhões desde 2006. Seria a primeira menção de Youssef ao nome de Dilma nas investigações. Ele já havia citado Lula em depoimento prestado à Justiça Federal no dia 8 deste mês. Na ocasião, Youssef disse que Lula teve que ceder aos políticos de partidos acusados de participar das fraudes na Petrobras e empossou Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento. Ele afirmou que “agentes políticos” ameaçaram trancar a pauta do Congresso.
— Tenho conhecimento que, para que o Paulo Roberto Costa assumisse o posto, esses agentes trancaram a pauta no Congresso por 90 dias. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco e teve de ceder e empossar Paulo Costa na diretoria de Abastecimento — afirmou, de acordo com vídeo do depoimento disponibilizado pela Justiça Federal.
O doleiro ainda disse que o PT, PMDB e PP estavam envolvidos num esquema de corrupção na Petrobras que consistia na cobrança de propinas de empreiteiras pelo tesoureiro petista João Vaccari e pelo peemedebista Fernando Soares. As obras da estatal eram escolhidas por um cartel de dez empresas, que superfaturavam os preços em algo em torno de 20%, dinheiro que era dividido para políticos e diretores da estatal.
No trecho da reportagem divulgado ontem à noite, “Veja” faz um relato da chegada de Youssef na sala para o interrogatório. “A temporada na cadeia produziu mudanças profundas em Youssef. Encarcerado desde março, o doleiro está bem mais magro, tem o rosto pálido, o cabelo raspado e não cultiva mais a barba. O estado de espírito também é outro. Antes afeito às sombras e ao silêncio, Youssef mostra desassombro para denunciar, apontar e distribuir responsabilidades na camarilha que assaltou durante quase uma década os cofres da Petrobras”, descreve a reportagem.
PEDIDO PARA ADIAR DEPOIMENTO À CPI
Youssef vai pedir à CPI da Petrobras que remarque seu depoimento, previsto para a próxima quarta-feira, para depois que seu acordo de delação premiada for homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que não tem data marcada para acontecer. O advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, disse que o doleiro permanecerá em silêncio se o depoimento for mesmo confirmado para semana que vem.
— Meu cliente vai permanecer calado na quarta-feira. Por conta do acordo de delação premiada que ele fez com a Justiça, ele tem que permanecer em silêncio. Ele está disposto a falar à CPI, mas só depois da homologação do acordo com o STF. Por isso, é melhor que a CPI redesigne o depoimento para outra data. Até para evitar o deslocamento para Brasília, escolta e todos os gastos decorrentes da viagem — disse Basto.
Basto aguarda que o juiz federal de Curitiba, Sérgio Moro, despache seu pedido de anulação do depoimento do testa de ferro Leonardo Meirelles, diretor presidente da Labogen, no qual ele diz que Youssef tinha negócios com o PSDB.
Segundo o advogado, Youssef nega ter tido negócios com o PSDB e quer uma acareação com Meirelles para desmenti-lo. De acordo com o advogado, o juiz só deve despachar seu pedido na segunda-feira. Em depoimento de Meirelles ao juiz Moro, na última segunda-feira, o diretor do Labogen disse que Youssef fazia negócios com o PSDB e com o ex-presidente do partido Sérgio Guerra.
Ao tomar conhecimento do depoimento de Meirelles, Youssef pediu que seu advogado desmentisse a informação oficialmente.

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