O câncer figura como principal causa de morte em 516 dos 5.570
municípios brasileiros. É o que aponta pesquisa divulgada hoje (16) pelo
Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em
parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). O estudo alerta que a
doença avança no Brasil ano após ano e, caso a trajetória seja mantida,
em pouco mais de uma década as chamadas neoplasias serão responsáveis
pela maioria dos óbitos em todo o país.
Os dados mostram que a maior parte das cidades brasileiras onde o
câncer aparece como principal causa de morte está localizada em regiões
mais desenvolvidas, justamente onde a expectativa de vida e o Índice de
Desenvolvimento Humanos são maiores. Dos 516 municípios onde os tumores
mais matam, 80% ficam no Sul (275) e Sudeste (140), enquanto o Nordeste
concentra 9% dessas localidades (48); o Centro-Oeste, 7% (34); e o
Norte, 4% (19).
As cidades em questão concentram, ao todo, uma população de 6,6
milhões de pessoas. Onze delas são considerados de grande porte, sendo
Caxias do Sul (RS) a mais populosa entre elas, com quase meio milhão de
habitantes. São classificadas como de médio porte 27 cidades com
população entre 25 mil e 100 mil pessoas, enquanto as demais, maioria,
se situam na faixa de pequenos municípios, com menos de 25 mil
habitantes. Araguainha, menor município do Mato Grosso, é também a menor
cidade identificada na lista.
De acordo com o estudo, o Rio Grande do Sul é o estado com maior
número de municípios (140) onde o câncer aparece como primeira causa de
morte. Enquanto em todo o país as mortes pela doença representam 16,6%
do total, no território gaúcho, o índice chega a 33,6%. Um dos fatores
que, segundo a pesquisa, pode explicar a alta incidência de câncer na
região são as características genéticas da população, que pode
apresentar maior predisposição para desenvolver um tipo de câncer.
Perfil
Com base no Sistema de Informações de Mortalidade, a pesquisa
identificou que, das 9.865 mortes registradas nas 516 cidades ao longo
do ano de 2015, a maioria foi entre homens (57%). Seguindo a tendência,
em 23 estados, os homens lideram o número absoluto de mortes. Em 21
municípios, não houve sequer um registro de óbitos entre mulheres.
Apenas no Ceará e no Mato Grosso do Sul, elas foram maioria nos
registros de óbitos, enquanto em 62 cidades, as mortes registradas foram
iguais para ambos os sexos.
Com relação à idade, metade dos óbitos se concentra nas faixas de 60 a
69 anos (25%) e de 70 a 79 anos (25%). Em seguida, a maior proporção
aparece no grupo com mais de 80 anos (20%). Crianças e adolescentes até
19 anos somaram 19% dos óbitos no mesmo ano.
Números
O levantamento revela ainda que, em 2015, foram registradas 209.780
mortes por câncer no Brasil – um aumento de 90% em relação a 1998,
quando foram registrados 110.799 óbitos pela doença. O crescimento das
mortes por neoplasias durante o período, segundo o relatório, foi quase
três vezes mais rápido que o crescimento dos óbitos provocados por
infartos ou derrames.
Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que, em todo o planeta,
o câncer é responsável por 8,2 milhões de mortes todos os anos. Cerca
de 14 milhões de novos casos são registrados anualmente e a previsão da
entidade é que as notificações devam subir até 70% nas próximas duas
décadas.
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