Agricultor desde
criança, Ivanildo Bernardino, 62, afirma que sua perspectiva de trabalho
mudou para melhor. Ele agora conta com a garantia de ter toda sua
produção de macaxeira revendida à fábrica de goma Delícia Potiguar,
primeira beneficiada com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Industrial (Proadi) na gestão atual. A empresa foi inaugurada na manhã
desta terça-feira, 26, no município de Serra Caiada, em evento que teve a
participação do vice-governador Antenor Roberto. Representando a
governadora Fátima Bezerra, ele destacou que a empresa está surgindo em
um contexto bastante favorável.
“Já faz algum tempo que a tapioca deixou
der um produto tipicamente nordestino e passou a ser uma opção de
cardápio saudável para todo o País”, afirmou. Ele também citou que o
tradicional prato “tapioca com ginga” agora é oficialmente patrimônio
cultural imaterial, tombado através de decreto governamental, em janeiro
de 2019. “É nosso compromisso recuperar o RN da calamidade financeira
em que se encontra, buscando alternativas para pagar servidores e
fornecedores, ao mesmo tempo em que nos preocupamos em tocar a pauta do
desenvolvimento econômico do nosso Estado”, reforçou.
O secretário Jaime Calado (Secretaria de
Estado do Desenvolvimento Econômico – Sedec) destacou a importância do
Proadi para garantir mais competividade às empresas, e destacou a
mobilização da cadeia produtiva gerada pela fábrica, que conta com pelo
menos 250 agricultores que antes não tinham mercado para escoar a
produção. “Como sertanejo que sou, sei que cada emprego gerado resulta
no sorriso de uma família. E isso não tem preço”, afirmou. Ele explicou
que a Delícia Potiguar, enquadrada no programa pela categoria de empresa
instalada no interior, terá como um dos benefícios o desconto de 13,5%
no ICMS (recolherá para o Estado 4,5% em vez de 18%).
Maior fábrica de goma do estadoCom
capacidade para processar até mil toneladas de mandioca por semana, que
resultará em média na produção de cerca de 300 mil kg de goma, a
Delícia Potiguar já nasce com o status de ser a maior fábrica de goma e
derivados do RN. Apesar de o processo ser totalmente automatizado, o
produto final terá características da goma fresca produzida
artesanalmente nas casas de farinha e revendidas em feiras livres. A
utilização de matéria-prima bruta, ou seja, amido extraído da mandioca e
utilizado ainda fresco, é o componente primordial que possibilita esse
diferencial, conforme explicou o proprietário Alberto de Brito Júnior.
Paraibano, Júnior escolheu instalar sua
fábrica no Agreste potiguar por se tratar de região que tem bastante
tradição no fabrico de goma e farinha de mandioca. Com investimento na
ordem de R$ 1,6 milhão, a empresa gera 25 empregos diretos e cerca de
1.400 indiretos, através da rede de fornecedores, distribuidores e
varejistas. “Estamos com as melhores perspectivas quanto ao incentivo do
Proadi porque teremos condições de entrar com mais competitividade no
mercado”, declarou.
Ele explicou que a concorrência é quase
desleal porque as fábricas industrializadas não processam a
matéria-prima, mas trabalham com fécula de mandioca reidratada
(adquirida em outros estados) e também utilizam aditivos químicos para
conservação do produto. “A goma que sairá da nossa fábrica terá a mesma
textura das gomas feitas de modo artesanal, o que garante a produção de
tapiocas muito mais saborosas”, assegura.
A Delícia Potiguar é a segunda fábrica
da família. Júnior e seu pai, Alberto de Brito, têm uma fábrica em Lagoa
Salgada, que desde 1990 produz a goma Prata Fina. A diferença da
primeira para a fábrica recém-inaugurada é a capacidade de crescimento,
pois a nova empresa está instalada na fazenda Perobas, que tem 1.800
hectares de área, tendo 200 hectares de produção própria de mandioca,
além de área construída de 1.500 metros quadrados.
Sobre o Proadi O
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial oferece incentivos
econômicos a empresas que pretendem se instalar no estado, realizar
novos investimentos, ampliar unidades já existentes ou ainda reativar
atividades paralisadas. Atualmente, o PROADI contempla 113 empresas, dos
mais variados segmentos, com financiamentos que variam entre 60 e 75%
sobre o valor do ICMS – apurado mensalmente pelas beneficiárias.
Para determinar o valor do incentivo, as
empresas solicitantes passam por uma avaliação de uma comissão
especial. A análise leva em consideração uma série de critérios que são
estabelecidos em um sistema de pontuação previsto no regulamento do
programa. Através deste sistema, o programa incentiva a interiorização
da indústria, o fortalecimento dos polos industriais, a valorização da
matéria-prima, produção e mão de obra locais e a geração de empregos.
O Proadi é um importante instrumento de
apoio ao desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte, favorecendo
diretamente a competitividade e gerando emprego e renda aos municípios.
Hoje, são mais de 23 mil empregos diretos gerados pelas empresas
beneficiárias.