Após meses de estiagem, chuvas voltam e amenizam drama da seca em PARTE do Nordeste
Depois de um longo período sem ver a água cair do céu, os sertanejos do
Nordeste puderam comemorar a volta das chuvas nos últimos dias. Apesar
de estarem longe de acabar com os problemas gerados pela maior seca dos
últimos 30 anos, as chuvas em várias áreas do semiárido amenizaram os
problemas da estiagem e garantiram, por enquanto, o abastecimento e a
alimentação animal, com a volta do pasto verde. Além disso, elas deram
esperança de que as plantações possam voltar a ser feitas nas próximas
semanas.
Segundo os laboratórios meteorológicos estaduais, as chuvas nos últimos
dias chegaram a atingir 100 mm de precipitação (cada milímetro
corresponde a um litro de água em uma área de 1 m²). No Ceará, a Funceme
(Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos) informou que
choveu no fim de semana e nesta segunda-feira (21) em 51 municípios. Em
Catunda, a precipitação alcançou 104 mm e foi a maior do Estado.
Seca recua em Minas Gerais, Goiás, Piauí e Bahia
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Áreas em vermelho mostram diminuição da seca no sertão nordestino nos últimos dois meses
Na Bahia, chuvas intensas também foram registradas este mês, amenizando
a situação no Estado. "Tivemos chuvas de verão, pancadas que em alguns
lugares foram mais fortes, e em outros, mais fracos. Sem dúvida amenizou
bastante nesses municípios, em alguns casos foram precipitações de 70
mm, às vezes de mais de 100 mm. Isso dá uma aliviada, não resolve o
problema total, pois o déficit é muito grande e vem de longo tempo",
afirmou o coordenador da Defesa Civil da Bahia, Salvador Brito.
Apesar do reaparecimento do verde, ainda não há garantias de que os
plantadores podem comemorar. Além disso, ainda há problemas no
abastecimento humano.
"Essas chuvas, por suas características fortes, têm a tendência de
acumular água na parte baixa e penetram muito no solo. Como não têm
continuidade, elas servem de água para os animais, pois começa a haver
um acúmulo bom. Mas para o consumo humano ainda leva um tempo, pois a
água fica suja. E há ainda um prejuízo muito grande para a agricultura,
pois a retomada vai demorar muito tempo. E essa é uma chuva que não tem
garanta de continuidade, para que o agricultor plantar", disse.
Carro pipa
No Piauí as chuvas também ocorreram, mas de forma mais localizada. "Em
algumas regiões, a chuva rompeu até estrada, mas foram em locais menos
afetados pela seca. Porém, estive na região mais afetada na semana
passada, e a situação permanece a mesma, a chuva não deu nem para melhor
a pele. Continuamos com a operação carro-pipa. Várias cidades não têm
água nem na sede do município, e tivemos que liberar carro-pipa para
esses locais", afirmou Jerry Hebert, coordenador da Defesa Civil do
Piauí.
Outros Estados também registraram boas chuvas. Em Sergipe, as chuvas
atingiram praticamente todo o semiárido no final da semana passada e
amenizaram a situação. Em alguns casos, as precipitações chegaram a 60
mm, segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
No Rio Grande do Norte, o município de Jardim de Piranhas registrou
chuva de 140 mm.
Em Pernambuco, Alagoas e Paraíba, municípios também registraram
precipitações significativas no fim de semana, mas não informaram
números específicos.
Mapas
Com as chuvas, muitas das regiões nordestinas castigadas pela estiagem
viram o verde novamente florescer, como mostram mapas comparativos da
vegetação feitos por satélite e obtidos pelo UOL.
Segundo as imagens do Lapis (Laboratório de Processamento de Imagens de
Satélite da Universidade Federal de Alagoas), entre novembro 2012 e
janeiro deste ano houve um avanço considerável em Estados como Minas
Gerais, Bahia e sul do Piauí.
Apesar da melhora, o meteorologista e coordenador do Lapis, Humberto
Barbosa, afirma que ainda é muito cedo para falar em solução do problema
da seca, mesmo nas regiões onde houve chuva. "A seca hídrica é ainda é
muito intensa e é o maior problema, pois o deficit é muito alto.
Precisamos que, ao menos este ano, a chuva ocorra na média, para não
piorar ainda mais a situação", disse.
Segundo Barbosa, por conta das altas temperaturas dos oceanos, a
previsão para o primeiro trimestre do ano é de pouca chuva sobre o
semiárido nordestino. "Ressalta-se que o semiárido tem como
característica a alta variabilidade espacial e temporal das chuvas. Isso
significa que algumas localidades poderão receber quantidade de chuvas
menor do que outras", afirmou.
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