17 de maio de 2013

RevoltadoBusão termina com quatro policiais feridos e sete manifestantes detidos na ação


Trânsito na BR-101 foi totalmente interrompido durante a noite de ontem devido ao confronto entre policiais e estudantes. Foto: Caninde Soares
Trânsito na BR-101 foi totalmente interrompido durante a noite de ontem devido ao confronto entre policiais e estudantes. Foto: Caninde Soares
Quatro policiais ficaram feridos e sete manifestantes foram detidos após o confronto entre a polícia e os integrantes do movimento #RevoltadoBusão, protesto realizado ontem a noite contra o reajuste da passagem de ônibus em Natal. Vários estudantes também ficaram feridos, atingidos por balas de borrachas disparadas pelos policiais militares, que tentavam impedir a interrupção do trânsito na BR-101 pelo grupo. Dos dois lados, relatos de exageros e violência.
Segundo o comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva, três militares foram atacados com pedradas na cabeça e braços e um policial rodoviário federal teve o braço e o pulso quebrados, com fraturas expostas, durante os confrontos, que ocorreram das 19h às 21h, entre os trechos final da Avenida Salgado Filho e o Natal Shopping.
“Estávamos no movimento para garantir o direito dos estudantes de protestar contra o que eles acham injusto e também para garantir a ordem pública, impedindo que eles interrompessem o tráfego de veículos e prejudicassem a população, que também será penalizada pelo aumento. Infelizmente, em determinado momento, eles acabaram desrespeitando esta norma e os policiais tiveram que intervir, dando início ao confronto”, explicou o comandante Araújo.
Segundo a integrante da Assembleia Nacional de Estudantes Livre (Anel), a universitária Luana Soares, dezenas de estudantes foram agredidos com tiros de balas de borrachas, spray de pimenta e gás lacrimogêneo. “O movimento estava organizado, foi uma repressão violenta e desnecessária da polícia, com certeza. É impossível dizer quantos estudantes foram feridos, mas isso não vai nos fazer desistir de lutar contra esse reajuste”, desabafou.
A estudante, que passou mal após ter sido atingida pelo spray de pimenta, disse que um colega ficou com o rosto e a perna machucados por balas de borracha. Luana disse que amanhã, os estudantes se reunirão em plenária para decidir como será o protesto agendado para a próxima segunda-feira. “Estamos sabendo deste de hoje, mas como ele foi pouco divulgado, certamente haverá mais participantes na plenária, marcada para amanhã. Os detidos foram liberados de madrugada”.
Confronto na BR
O comandante da Polícia Militar disse que, se os manifestantes tivessem feito o protesto sem interromper o trânsito, os militares não teriam interferido. Araújo explicou que há uma ordem judicial que impede a interdição do tráfego durante manifestações populares e que, mesmo sabendo disso, os protestantes interromperam o trânsito nos cruzamentos entre as avenidas Salgado Filho e Bernardo Vieira, um dos mais movimentados da cidade e ponto de passagem obrigatória para ambulâncias de praticamente todas as áreas da cidade, que se dirigem para o Walfredo Gurgel.
“Quando eles interrompem o trânsito, não passa nada. Imagine, então, se há uma pessoa morrendo dentro de uma ambulância e, por esta ter ficado presa por causa do protesto, ela morre antes de chegar ao hospital? É por esse tipo de situação grave que há essa ordem judicial e nós estávamos lá para garantir que isso não ocorreria. Pense quantas pessoas, que também usam ônibus e serão atingidos pelo aumento da passagem, foram prejudicadas porque ficaram presas no trânsito, cansadas depois de um dia de trabalho ou querendo chegar à aula?”, questionou.
Para o presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Marcos Dionísio, o que aconteceu foi motivado pela falta de diálogo entre os poderes públicos e a sociedade, que pede e deve saber tudo relacionado ao reajuste das passagens em Natal. “Se isso acontecesse, não teríamos chegado a esse quadro de violência e confronto visto ontem, no meio da cidade. É preciso transparência, a população precisa de esclarecimento sobre o que motivou esse aumento e quando os estudantes foram às ruas exigir isso, foram tratados como bandidos”, afirmou.
Hoje à tarde, uma nova manifestação está programada para acontecer, no bairro de Cidade Alta, entre o Viaduto do Baldo e a Prefeitura Municipal, a partir das 15 horas. E, apesar da confusão de ontem, a Polícia Militar manterá o mesmo número de homens nos pontos de protesto. “Vamos manter o mesmo efetivo, até porque a nossa função não é reprimir ninguém, mas garantir a ordem pública e evitar que a população seja prejudicada, com a interrupção do trânsito, ainda mais em um horário de retorno para casa após o trabalho e da ida para escolas e faculdades”, afirmou o comandante da Polícia Militar.

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