12 de novembro de 2019

Lula livre. E agora?



Os desdobramentos da saída de Lula da prisão ainda irão gerar muito eco no mundo político. A esquerda ganha uma liderança que ainda faltava no jogo de poder. Sem rumo desde que Bolsonaro venceu o pleito presidencial, a oposição ganha a oportunidade de se reorganizar e realmente traçar uma estratégia real de se colocar contra as ideias do governo.

Lembro que o petismo perdeu o Planalto, mas venceu no pleito proporcional. O partido de Lula conseguiu a maioria da Câmara dos Deputados, mesmo com a expressiva votação obtida pelo PSL. Isto, entretanto, ainda não se traduziu em ações no Parlamento.

As esquerdas, de um modo geral, se mostram acuadas, sem rumo e estratégia nos caminhos da política parlamentar. Isto é algo que pode mudar de forma sensível com a volta de Lula ao palco político, assim como de outras estrelas do petismo, como José Dirceu.

Do lado governista, a notícia da libertação de Lula também soou como uma oportunidade. Para Bolsonaro, que sempre mantém a temperatura política acesa, o retorno do petista serve para fortalecer sua posição de antagonista das esquerdas, sedimentando ainda mais a liderança entre seu eleitorado. O clima eleitoral voltou, assim como deve voltar a polarização ainda em grau máximo, um mecanismo que retroalimenta a ambos e serve de combustível para suas militâncias.

Se o governo até aqui precisava lidar apenas com os seus fantasmas, o jogo começa a mudar. Os problemas alcançam novo patamar e começam a passar ao largo do que era o cotidiano, afinal, se as esquerdas se articularem de forma estratégica diante do retorno de suas lideranças, a oposição parlamentar, até então perdida, pode encontrar rumo e começar a participar de forma ativa do jogo político, causando enormes problemas de governabilidade.

É preciso entender até que ponto o ressurgimento de um inimigo comum nas esquerdas servirá para unificar, em torno de Bolsonaro, o sentimento antipetista que o levou ao poder. O desgaste do primeiro ano de governo já descolou Bolsonaro do eleitorado centrista. Seu apoio hoje está concentrado em bolsões mais a direita e torna-se importante entender se o centro ainda enxerga o presidente como a única opção viável do antipetismo.

Por tudo isso, a volta de Lula ao cenário altera a dinâmica política, seja no papel de reorganizador das forças de esquerdas, fornecendo combustível para militância fanática e que carrega consigo uma ideia fantasiosa de liderança que hoje embora não seja a mesma de alguns anos atrás é notória a habilidade política no jogo parlamentar, como também no campo da direita, que reencontra o inimigo comum que pode aglutinar forças em torno de Bolsonaro. A certeza é que o Brasil segue no perigoso limiar da polarização. Uma simples fagulha pode acender as ruas e confrontos, algo que nossa jovem democracia teria muita dificuldade em lidar. Neste cenário, nossas instituições, pilar de nossa democracia e liberdades, estariam mais uma vez colocadas em risco. Mais do que nunca, o Brasil precisa moderação e ponderação, de ambos os lados.

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