5 de janeiro de 2022

O IMPACTO DO CARNATAL na incidência do COVID-19 no RN

 Os dados após o período de latência mostram o impacto do CARNATAL na evolução da doença no estado do Rio Grande do Norte.


AEvolução dos indicadores taxa de incidência COVID-19 por milhão de habitantes e evolução da quantidade média de solicitações de leitos críticos UTI COVID-19 no Estado do Rio Grande do Norte nos meses de novembro e dezembro de 2021, mostram um impacto de piora da pandemia no RN. Foi um retrocesso dos avanços alcançados. Com bases nos dados apresentados nas figuras abaixo, percebemos que o CARNATAL 2021 modificou a tendência de queda que fora observada de forma consistente no início do mês de dezembro de 2021, e contribuiu no sentido de prejudicar a capacidade de atendimento nas urgências.

Figura 1: Evolução da taxa de incidência COVID-19 por milhão de habitantes no estado do Rio Grande do Norte

Figura 2: Evolução da quantidade média de solicitações de leitos críticos de UTI COVID-19
no Estado do Rio Grande do Norte nos meses de novembro e dezembro de 2021

SARS-CoV-2 Orginal & Omicron: A forma original do SARS-CoV-2 é um pouco lenta. A nova variante Omicron parece ser a mais rápida. Isso torna mais difícil de entender sua dinâmica com os testes atuais. As estimativas para o período de incubação, passou de cinco, seis dias, no caso da Alfa até quatro dias na Delta e chegando até três dias para a Omicron.

Delta: em média, o vírus SARS-CoV-2 original se espalha de uma pessoa para duas ou três. O período de incubação de apenas quatro dias. É  mais rápido do que os seis dias vistos no vírus original.  As pessoas são contagiosas mais rapidamente.Omicron: ainda não se sabe ao certo sua taxa de transmissão ou período de incubação e  taxas de crescimento da variante, pois pode depender muitos fatores.

Estudos estatísticos mostraram que existe uma latência média de 14,5 dias, do início dos sintomas até intubação na primeira versão da doença. São de 4 à 5 dias da intubação até o óbito em pacientes graves com COVID-19. Junte-se a isso uma mistura de variantes, atraso nos testes, apagão de dados e vacinação e a questão se torna bem complexa. Publicamos antes do CARNATAL nosso posicionalmente, onde mostramos que insistir na festa traria resultados negativos, e aqui temos a confirmação das nossas suspeitas.

Sempre foi, e é evidentemente que por se tratar de uma doença de transmissão respiratória (pessoa — pessoa), essa transmissão seria mais eficiente e intensa com o aumento da aglomeração de pessoas. A capacidade de produzir novas variantes com maior transmissibilidade, ocorrência de imunidade não-duradoura representam fatores propulsores na transmissão. Acontece agora, o previsto. O vírus SARS CoV-2 mudou sua evolução de incidência e isto já impactou na hospitalização, (demanda solicitações de leito de UTI) a consequência será refletida no número de mortes por esta doença quando comparamos janeiro de 2022 com novembro e dezembro de 2021.

Figura 3: Diagramas de risco para o Rio Grande do Norte em 3 de Janeiro de 2022. Cada ponto representa um dia na evolução da pandemia no RN. O código de cores nos informa sobre o crescimento do potencial efetivo (EPG) de risco. O ponto branco atual encontra-se na região vermelha, com alto RISCO. Metodologia: Front. Public Health, 08 July 2021 | https://doi.org/10.3389/fpubh.2021.633123. Diagrama por Jones O Albuquerque LIKA-UFPE.

Os dados presentes nas Figuras 1, 2 e 3 mostram que a narrativa circulada na semana seguinte ao CARNATAL sobre o não-impacto da festa na evoluçnao da doença cai por terra. As declarações foram apressadas e sem o devido rigor científico. Tal situação desorienta, desinforma e coloca em risco a população. — Além disso, torna o enfrentamento da pandemia difícil. Eu gostaria muito de termninar esta análise com palavras positicas, seria reconfortante se estivéssemos errados comas previsões que fizemos do pós-carnatal, porém o que vemos aqui é a confirmação da mudança no avanço da doença (piora) 15 dias após o CARNATAL. O que ocorrerá daqui pra frente, depende unicamenta da dinâmica da população frente a evolução da taxa de vacinação.

Por José Dias do Nascimento, físico e professor da UFRN



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