Não vive sem o celular? Conheça os efeitos do aparelho na saúde
O infectologista João Prats, da BP - A Beneficência Portuguesa de
São Paulo, afirma que celulares são foco de bactérias. Segundo ele,
tratam-se das mesmas bactérias do corpo, encontradas nas mãos e de
lugares onde é guardado. Outras bactérias, que podem causar doenças,
também podem estar presentes, mas são mais incomuns. O manuseio do aparelho em transportes públicos e banheiros pode
favorecer o aparecimento de bactérias infecciosas, segundo o
infectologista. Mas, segundo ele, o celular é muito mais perigoso ao
volante do que em relação ao número de bactérias que transporta. "Se tem
uma 'doença' que o celular aumenta, é a quantidade de acidentes de
trânsito. Quanto ao aparelho como foco de bactérias nocivas, os números
não são significativos."
O oftalmologista Jae Min Lee, da BP-A Beneficência Portuguesa de São
Paulo, afirma que a luminosidade do celular não causa problemas para a
visão. O problema estaria na emissão de luz azul, comum aos aparelhos
eletrônicos, que altera o ciclo do sono. Ficar no celular até a hora de
dormir mantém o cérebro em estado de alerta, provocando uma má qualidade
do sono. O oftalmologista afirma que o uso de celular pode acentuar o
problema de "vista cansada", que pode ocorrer após os 40 anos. Neste
caso, o aparelho pode causar dor de cabeça. Lee afirma que a ardência sentida nos olhos ao ficar no celular é
ocasionada pelo número de piscadas diminuírem quando se está focado em
algo. Pelas piscadas diminuírem, a lubrificação dos olhos é prejudicada,
causando ardência. O problema pode, ainda, ser agravado em ambientes
secos e com ar-condicionado ou se houver predisposição do paciente para
ter olho seco.
O ortopedista Marcelo Rosa, do Hospital das Clínicas de São Paulo,
afirma que o uso do celular pode causar problemas de postura e dores nas
articulações. "Por haver um uso excessivo e intenso, muitas pessoas vêm
apresentando problemas como a tendinite, bursite e cervicalgia", afirma
Rosa. O médico afirma que, ao flexionar o pescoço para baixo para olhar
o celular, que é segurado na altura abdominal, os músculos do trapézio
fazem com que o centro de gravidade mude, causando dores na região, e
evidenciando a papada. O ortopedista afirma que o uso repetitivo de alguns músculos,
ocasionados pelos celulares, provoca dores nas mãos, braços e
ombros. Segundo Rosa, observa-se um aumento na apresentação de dor na
base do polegar nos consultórios, por conta da escrita de longos textos
em espaços pequenos, o uso do aparelho ainda pode causar dores no cotovelo devido à
compressão nervosa ao dobrar o braço. As dores também são aumentadas por
sobrecarga muscular, tensão e estresse. O ortopedista recomenda que,
diariamente, seja feito alongamento de braços e mãos, sendo o melhor
método para ter preparação muscular para mexer no aparelho
A psicóloga Lia Belliero, do Programa de Transtornos
do Impulso do IPq - Instituto de Psiquiatria do HC, afirma que os
celulares apresentam aumento no índice de ansiedade entre as pessoas,
por conta da necessidade de estar sempre conectado e atualizado. Sintomas como ouvir ou sentir o celular tocar quando não está,
sempre fazer tudo com o aparelho, ter rotina atrapalhada pelo celular e
não suportar ficar longe dele podem ser sinais de nomofobia, ou seja, a
dependência de smartphones. Já os quadros depressivos podem ser
agravados, pois o paciente pode estar usando o aparelho como meio de
suprir algo que está faltando em sua vida.
De acordo com a psicóloga, o uso de celulares e telas, em geral,
entre crianças, deve ser dosado pelos pais e por quem cuida dela, por
meio do estabelecimento de limites. "Crianças devem ficar o mínimo
possível com as telas. Elas têm que brincar, descansar e fazer outras
atividades. Celulares não devem virar uma espécie de 'chupeta
eletrônica'".
A psicóloga afirma que, para se desintoxicar do uso excessivo, as
pessoas devem se programar para ficar sem o aparelho por um determinado
tempo, deixar o aparelho longe do quarto, para ter um bom descanso,
desligar o celular e interagir mais com a família, amigos e com animais
de estimação e não se esquecerem de viver a vida real, longe da
realidade virtual.
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