18 de fevereiro de 2014

Polícia do RN oficializa comissão para apurar morte de ex-mulher de PM

Izânia Maria Bezerra Alves, ex-mulher do tenente Iranildo Félix, foi morta em Macaíba (Foto: Arquivo Pessoal/Facebook e Reprodução/Inter TV Cabugi)Izânia Maria Bezerra Alves, ex-mulher do tenente Iranildo Félix, foi morta em Macaíba (Foto: Arquivo Pessoal/Facebook e Reprodução/Inter TV Cabugi)
A Delegacia Geral de Polícia Civil do Rio Grande do Norte publicou nesta terça-feira (18), no Diário Oficial do Estado (DOE), portaria que designa uma comissão especial de delegados para auxiliar nas investigações do assassinato da estudante de Direito Izânia Maria Bezerra Alves, de 31 anos, morta com quatro tiros na tarde deste último domingo (16) em Macaíba, na Grande Natal.
A comissão que irá apurar a morte de Izânia Bezerra é formada pelos delegados Normando Feitosa, da Delegacia de Macaíba, Matheus Trindade, da Delegacia Especializada em Furtos e Roubos (Defur), e Emerson Valente, da Delegacia Especializada de Defesa da Propriedade de Veículos e Cargas (Deprov), além da delegada Sheila Freitas, da Delegacia Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor).No momento do crime, Izânia estava com o ex-marido, o tenente da Polícia Militar Iranildo Félix, que é o principal suspeito de matar o professor e lutador de MMA Luiz de França Trindade, de 25 anos, assassinado no último dia 10 na zona Sul da capital. Para este segundo caso, foi designado o delegado especial Lenivaldo Ferreira Pimentel, que deve auxiliar Sílvio Fernando, titular da 11ª DP. Os documentos passam a valer de imediato.
Entenda o caso
Izânia foi morta com quatro tiros no início da tarde do domingo (17) em uma estrada carroçável de Macaíba, na Grande Natal. Os suspeitos, até o momento, são dois homens não identificados que teriam mandado o tenente parar o carro e depois anunciaram o assalto. Na ocasião, houve uma troca de tiros, já que o tenente estava armado e reagiu. O tenente Iranildo Félix também foi atingido, mas os tiros acertaram o colete a prova de balas que ele usava. A ex-mulher levou um tiro no pescoço, um no rosto e dois na cabeça.
Investigação
A namorada do tenente deve ser interrogada nesta terça (18) pelo delegado Normando Feitosa. Segundo ele, Valéria Alexandre Cortês, a atual companheira do tenente, estava em uma granja a 500 metros de onde o tenente e a ex-mulher foram baleados. “Inclusive, ela foi uma das pessoas que ajudou a socorrer o tenente. Por isso ela será ouvida”, revelou.

Ainda de acordo com o delegado, Valéria aguardava na granja pela chegada de Iranildo. “O tenente disse que ele a ex-mulher se davam bem. Eles se separaram há um ano e tinham um filho. Ele disse que estava levando a Izânia para conhecer o local para que depois ela pudesse levar a criança para ver o pai”, contou Normando. Ainda segundo o delegado, a granja estava sendo usada como esconderijo pelo tenente, que estaria tentando se proteger de possíveis atentados.
Valéria também deverá ser ouvida nesta terça pelo delegado Sílvio Fernando, que investiga diretamente o assassinato do lutador Luiz de França. “Ela será ouvida porque esteve internada em um hospital vítima de fraturas. Ela disse que levou uma queda, porque sofre de desmaios. Mas, ela apresenta vários hematomas no corpo, que suspeitamos terem sido causados por agressões. Ela precisa nos esclarecer isso. E também há informações, ligações anônimas que recebemos, que dão conta de que ela e o lutador teriam tido um caso, o que teria provocado um crime passional. Isso também terá que falar sobre isso”, afirmou Sílvio.
Porte ilegal de arma
O delegado Normando Feitosa confirmou também que o tenente deve ser indiciado por porte ilegal de arma de fogo, já que ele encontra-se de licença médica e não poderia portar arma de fogo. O colete balístico que Iranildo usava, uma pistola calibre 380 e 44 munições foram apreendidos ainda na noite do domingo, logo após ele ser liberado do hospital. O material foi recolhido quando o oficial foi à Delegacia de Plantão da zona Sul de Natal prestar depoimento.
Ao G1, o comando da PM disponibilizou o Boletim Geral da corporação (datado de 9 de janeiro deste ano) que trata da licença médica do tenente Iranildo. Nela, é clara a determinação que proíbe o tenente de portar arma de fogo no período em que estiver de licença. Em razão da apreensão da arma do oficial, o coronel Francisco Araújo Silva, comandante geral da corporação, afirmou que a PM irá instaurar uma sindicância para apurar o ocorrido e que o tenente irá responder, administrativamente, por desobediência à norma da corporação.
Trecho do Boletim Geral da PM que trata da licença médica do tenente Iranildo Félix (Foto: Reprodução)Trecho do Boletim Geral da PM que trata da licença médica do tenente Iranildo Félix (Foto: Reprodução)
Segundo parentes da vítima, Izânia Maria Bezerra Alves era estudante de Direito e fazia estágio no Fórum de Macaíba.
Tenente suspeito de matar lutador de MMA estava em Fiat Uno cinza com ex-mulher no momento do atentado em Macaíba, RN (Foto: Divulgação/Polícia Militar do RN)Fiat Uno que era dirigido pelo tenente Iranildo
(Foto: Divulgação/Polícia Militar do RN)
Ao delegado Normando Feitosa, o tenente relatou que os criminosos teriam anunciado um assalto e mandado ele e a ex-mulher descerem do carro. "O tenente disse também que levou dois tiros na barriga, que atingiram o colete. Então ele caiu no chão atordoado. Daí o tenente disse que um dos criminosos começou a atirar na mulher. Foi quando ele pegou a arma e atirou contra os dois assaltantes, que fugiram”, relatou Normando.
"Contudo, o próprio tenente acredita que o que aconteceu não foi um assalto, tanto que não levaram nada. Ele afirma que foi mesmo alvo de um atentado", concluiu o delegado.
Segundo atentado
Na última quarta-feira (12) o PM já teria sofrido um atentado quando deixava o Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), no bairro da Ribeira, onde foi submetido a exame residuográfico para identificar a presença de chumbo nas mãos.

“Tentaram matar ele. Ele contou que foi seguido por dois homens numa moto, que emparelharam com o carro dele. Quando percebeu que o cara de trás colocou a mão na cintura, ele jogou o carro em cima da moto. A moto desviou e foi embora”, relata a advogada. Na ocasião, o tenente solicitou ao comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Araújo Silva uma arma e um colete à prova de balas para se defender.
Araújo informou que uma junta médica afastou Félix das atividades policiais há dez meses, em razão de problemas psicológicos. "O policial foi considerado temporariamente incapaz para o serviço ativo. Ele não pode portar arma de fogo no período em que está afastado", explica o comandante geral da PM. Mesmo afastado, o tenente responde diretamente ao Comando do Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE)

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