O Ministério Público do Rio Grande do Norte iniciou na manhã desta
terça-feira (26) uma operação para desarticular um esquema de fraudes
contra consumidores relativo à prática de adulteração de marcadores de
quilometragem de veículos, os hodômetros.
Interceptações feitas com autorização judicial apontam que, em apenas
45 dias, pelo menos 202 veículos tiveram seus hodômetros adulterados. A
operação, denominada Vitruvius, cumpriu seis mandados de prisão
preventiva e outros 50 de busca e apreensão nas cidades de Natal,
Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e ainda em João Pessoa, capital da Paraíba. As investigações ainda estão sob segredo de Justiça.
A operação apura crimes contra as relações de consumo, associação
criminosa e estelionato. Durante o período das interceptações, foram
identificados mais de 150 participantes das fraudes, a maior parte deles
empresários do ramo de revenda de veículos usados.
Os carros adulterados foram identificados através dos diálogos captados
nas interceptações telefônicas e mediante diligências e filmagens
realizadas em campo pela equipe do Grupo de Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do MPRN.
A 59ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Natal investiga a
atuação do grupo desde 2017. Nas interceptações telefônicas, foram
captadas conversas em que pessoas negociavam com os investigados novas
adulterações de hodômetros de veículos usados com a finalidade de
incrementar os valores cobrados pelos carros usados, colocando-os à
venda em condições impróprias ao consumo. Pelo o que foi apurado, os
criminosos obtiveram um rendimento considerável e geraram prejuízos
incalculáveis para as vítimas.
O nome da operação do MPRN é uma homenagem a Marcus Vitruvius Pollio
(século I a.C), engenheiro militar romano e arquiteto, um dos
precursores do hodômetro.
Alertas
Além das fraudes em hodômetros, também foram constatadas outras
adulterações nos veículos, como a eliminação de alertas de segurança e
de panes em sistemas diversos, como problemas nos airbags e freios. Para
o MPRN, essas adulterações impõem maiores riscos à saúde e segurança
dos consumidores, além da própria vida, uma vez que panes que deveriam
ser sanadas pela substituição de peças e manutenções preventivas e
corretivas são apenas “maquiadas”.
De acordo com a investigação do MPRN, a fraude de eliminação de luzes
no painel indicadoras de panes ou falhas existentes no veículo é
realizada simplesmente por meio de um curto-circuito que danifica a
lâmpada interna ou a retira do lugar, fazendo com que não mais acenda,
e, consequentemente, não faça a indicação de existência de falha no
veículo.
A decisão judicial determinou a prisão preventiva de seis
adulteradores. Também foram expedidas 50 ordens de busca e apreensão nas
casas dos investigados e em lojas de veículos usados em Natal,
Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e João Pessoa.
O MPRN obteve na Justiça o sequestro de um apartamento do principal
investigado dos crimes para garantir a reparação do dano coletivo de
vítimas atingidas pelo esquema criminoso. O imóvel é avaliado em mais de
R$ 200 mil.
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