15 de junho de 2013

Aeroporto Internacional Augusto Severo inicia contagem regressiva para o fechamento


Saguão do Augusto Severo amanheceu após as chuvas tomado por baldes e poças d’águas causadas pelas goteiras no prédio. Foto: Divulgação
Saguão do Augusto Severo amanheceu após as chuvas tomado por baldes e poças d’águas causadas pelas goteiras no prédio. Foto: Divulgação
Faltando teoricamente 10  meses para ser fechado e ceder lugar a um novo terminal de passageiros localizado em outro município – São Gonçalo do Amarante -, o aeroporto Internacional Augusto Severo, em Parnamirim, é o retrato do desânimo.
Nesta sexta-feira, ainda enxugando as chuvas de ontem que evidenciaram o festival de goteiras no interior do prédio principal e na cobertura do acesso ao saguão, os funcionários das lojas e lanchonetes já parecem resignados. “Aqui, meu amigo, a demissão é certa”, disse um dos 50 funcionários da empresa que concentra as principais franquias e lojas de alimentação do terminal.
Outro empregado do comércio chegou a postar no Facebook as poças de água formadas ao longo da praça de alimentação, no primeiro andar, sugerindo um concurso interno no aeroporto para eleger a “maior lagoa”.
Hoje pela manhã, ainda podia se ver baldes estrategicamente localizados juntos às sinalizações amarelas de cuidado.
Enquanto na administração da Infraero acontecia hoje pela manhã uma ruidosa festa junina dos funcionários, com direito a arbustos presos às paredes, na estrutura principal, por onde já transitaram dois milhões de passageiros por ano, era possível sentir um clima de fim de festa,  começando pela entrada com os taxistas.
Ali, 74 carros pertencentes a duas cooperativas já têm destino certo: retirar os adesivos característicos do aeroporto e seus condutores buscarem outro ganho dentro ou fora da praça.
Francisco Marinho de Carvalho, aos 55 anos, é um deles. Depois de apenas um ano e seis meses no aeroporto dos mais de 30 na praça, ele diz que vai sentir falta. “Aqui ainda é um lugar seguro onde você sabe quem está transportando”, diz.
Com uma renda média de R$ 5 mil por mês, trabalhando nos horários de pico – das 12:00 às 16:30 e das 20:30 às 3:30 da manhã, alguns taxistas já estão providenciando a transferência da placa e alguns até a venda dos carros.
“Estamos habilitados para trabalhar em Parnamirim. Quando o aeroporto aqui fechar, um abraço”- resume Carvalho.
Segundo os profissionais que fazem ponto ali, 90% das viagens de ida e volta são para Ponta Negra, onde o valor de uma tarifa fechada é de em média R$ 43,00. É um formato econômico que muita gente desconhece no qual o táxi sai do terminal, recolhe o passageiro e volta. Não tem bandeira 2, o que encarece os percursos noturnos.
Quando o novo aeroporto de São Gonçalo estiver operando, no ano que vem, os taxistas calculam que quem tomar o carro em Ponta Negra pagará no mínimo o dobro da tarifa, o que de antemão já vem preocupando muitos frequentadores de aeroportos.
Jhonatta Araújo da Silva, coordenador de uma das frotas de taxis baseadas no aeroporto, sabe vagamente que há um debate em torno do futuro do terminal, seja para a instalação ali de um shopping ou de qualquer outra estrutura. “Eu sinceramente não acredito que nada disso dê resultado, porque ninguém vai querer deixar de frequentar o que já existe em Natal para vir para cá”, acredita.
Quem passou hoje bem cedo pelo Aeroporto Internacional que leva o nome de  Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, potiguar morto num acidente de balão junto com seu mecânico na França, em 1902, encontrou um terminal muito limpo – um pouco pelo efeito da inundação de horas antes já enxuta – e perfeitamente refrigerado, com os elevadores funcionando.
Um casal de namorados da Paraíba, que junto com um amigo eram as únicas almas presentes na praça de alimentação às 9 horas da manhã, enquanto aguardavam uma conexão para Fortaleza, se surpreenderam: “O aeroporto vai sair daqui?”
Gerson e Euricleides saíram de carro bem cedo de João Pessoa para conseguir um vôo mais barato para Fortaleza, de onde seguirão para São Luiz, no Maranhão. Eles dizem que ao fazer isso pagarão por duas passagens, ida e volta quase o mesmo valor de apenas uma passagem para São Luiz, saindo da capital paraibana.
“Gostamos muito desse aeroporto (o Augusto Severo) que ainda não conhecíamos, pegamos uma rodovia duplicada e embora só houvesse uma única placa indicando o caminho para cá já no entroncamento do viaduto, achamos tudo muito mais simples do que se o embarque fosse, por exemplo, lá em Recife”, disse Gerson.

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