22 de março de 2013

FILHO DO EX-VEREADOR VALE É O PRINCIPAL SUSPEITO PELA MORTE DO PAI

O empresário Abeane Luís Jorge Vale, 31 anos, (FILHO DE VALE) está sendo classificado pela Polícia Civil como o principal suspeito do assassinato de Abeane Vale de Medeiros, 67. Vítima fatal e suspeito são pai e filho e esse parentesco, de acordo com os investigadores, pode ter ligação direta com o crime registrado na terça-feira passada no bairro do Tirol. Na tarde de ontem, o carro envolvido na ocorrência foi encontrado e reforçou as suspeitas contra Abeane Luís.

Suspeita-se que o crime registrado nessa semana tenha relação direta com brigas familiares que já haviam resultado, no ano de 1999, na morte de Joana D’arc Jorge Vale, mulher de Abeane Medeiros e mãe de Abeane Luís. O idoso foi condenado pela morte da mulher e o último recurso na Justiça havia se esgotado no mês de janeiro. Desde 13 de março passado, o Poder Judiciário havia emitido mandado de prisão contra ele.


Argemiro Lima/NJ
O gol encontrado ontem pela polícia no Barro Vermelho: marcas amarelas e em nome do filho, Abeane Luís
Todas as informações coletadas pelos investigadores até o momento apontam que o assassinato no Tirol tenha sido um parricídio. Na tarde de ontem, o carro modelo Gol de cor branca e placas MXZ-5484 foi encontrado na Rua João Dias, no bairro de Barro Vermelho. Um pedreiro que trabalhava em uma casa próxima acionou a polícia após suspeitar do veículo abandonado cerca de 24 horas antes. De acordo com a Polícia Civil, o veículo pertence a Abeane Luís.

O veículo foi levado à 3ª DP, no Alecrim, que também participa das investigações. O Gol tinha marcas de colisão no lado esquerdo da sua lataria, próximo à porta. No parachoque, as marcas se repetiam e possuíam uma coloração amarelada. A polícia suspeita que as avarias tenham sido provenientes da emboscada montada pelo filho para matar o pai na Rua Alberto Maranhão.

O idoso dirigia por Tirol em um Uno de cor amarela quando teve o carro trancado e foi alvo de quatro disparos de arma de fogo que o mataram instantaneamente. Testemunhas identificaram que um Gol havia sido utilizado pelo criminoso, que fugiu logo depois do crime. O ocupante do carro ainda chegou a trocar tiros com policiais militares antes de desaparecer sem deixar pistas.

Ontem, a nossa reportagem constatou uma marca de tiro na lataria do carro. O disparo atravessou a lataria e atingiu a parte de trás do banco do motorista. Não havia marcas de sangue e não se sabe se o condutor ficou ferido. A polícia levantou que o carro já teve cinco proprietários e o mais recente é Abeane Luís.

O veículo é umas das peças que reforçam a suspeita de parricídio. Ontem, a Polícia Civil, que divide a investigação entre três delegacias, ouviu três testemunhas do crime. Segundo o que foi repassado, pai e filho já haviam trocado ameaças de morte em situações anteriores em virtude do assassinato de Joana D’arc.

O suspeito está sendo procurado para prestar informações sobre o homicídio do seu pai, mas ainda não foi localizado. Apesar do que já foi reunido, o delegado Roberto Andrade, da Especializada de Homicídios (Dehom), não considera as informações suficientes para solicitar a prisão do homem à Justiça. “Estamos procurando para que ele esclareça as suspeitas. Quem tiver alguma informação sobre o seu paradeiro, acione a polícia através do disk-denúncia”, solicitou o delegado.

Foi o delegado Andrade quem apontou as suspeitas mais graves contra Abeane Luís. “Das linhas de investigação que temos até agora, o filho é o principal suspeito de ter matado o pai. Inclusive, ele já o havia ameaçado antes”, informou o responsável pelo inquérito.
Hoje, o irmão do suspeito deverá ser ouvido na Dehom. De acordo com informações dos investigadores, o irmão também foi alvo de ameaças por parte de Abeane e teria como relatar o conflito que a família atravessa.

Mulher foi morta durante separação 

A principal motivação apurada pela Polícia Civil para a assassinato da terça-feira passada ocorreu há mais de 13 anos. Em 1999, Joana D’arc Jorge Vale foi morta a tiros pelo marido durante um processo de separação que o casal atravessava. O mandado de prisão pelo crime registrado há mais de uma década foi expedido há uma semana, após todos os recursos de Abeane Vale de Medeiros terem se esgotados na Justiça.

Abeane confessou ter matado a mulher e foi condenado a 13 anos de prisão. O trânsito em julgado da condenação – quando não há mais como recorrer – foi registrado em janeiro desse ano. A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negou recurso para anular a sentença.

A decisão da Justiça narra a forma como o assassinato foi cometido. “Tudo ocorreu em via pública, quando a vítima teve seu carro trancado pelo acusado, estando ela conduzindo o seu veículo, na companhia da Oficiala de Justiça, que horas antes cumprira o mandado acerca de Medida Cautelar de Separação de Corpos proferida em desfavor do mesmo pela Juíza da 1ª Vara de Família desta Capital; as conseqüências foram de gravidade, diante do óbito prematuro da vítima, que deixou dois filhos menores”, lê-se no documento.

A sentença acrescenta: “os autos indicam que a vítima suplicou para que não fosse morta”.
Mais de 10 anos depois do crime, o idoso de 67 anos condenado teria que cumprir a pena em regime fechado. Para a Polícia, a morte de Joana D’arc, mãe de Abeane Luís, pode ter sido a motivação para que o filho se vingasse do pai. Na data da morte, o filho do casal tinha 17 anos de idade.
Suspeito já havia sido preso por posse de arma de fogo
O Boletim Geral nº 123 da Polícia Militar, de 3 de julho de 2012, registra que Abeane Luís já havia sido detido por portar arma de fogo no comércio de sua propriedade. O documento registra o elogio do comandante da 3ª Companhia de Polícia do 9º Batalhão, capitão Cláudio Henrique de Sá Rodrigues, a policiais que o auxiliaram na ocorrência que deteve Abeane.

O oficial louva sete soldados que participaram da ocorrência e prenderam Abeane Luís flagrado nos termos do artigo 12 da Lei 10.826/2003. A lei prevê punições para quem “possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho”. Não é detalhada qual a arma encontrada.

Em consulta no Tribunal de Justiça, o nome de Abeane Luís aparece em sete processos, sendo seis na área Cível e um de Execução Fiscal do Município. O suspeito do crime possui uma loja de material de construções no bairro Planalto, zona Oeste de Natal, e enfrenta processos na Justiça Trabalhista que chegou a colocar seus bens em leilão para pagamento de dívidas. Em conversa com pessoas próxima ao filho do Ex-Vereador dão conta de que ele irá se apresentar na proxima segunda feira ocasião que poderá assumir a autoria do crime.

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